Quem
passa rente a certas portadas das Ruas
da Mouraria, das Ruas dos Netos, das Ruas da Alfândega, das Ruas do Bom Jesus,
enfim, de todas as Ruas das maternidades onde vão parindo as parturientes das ortodoxias
partidárias --- a repetição dos “pês” é intencional e polissémica --- não se
apercebe do rodopio angustiante que lá reina. Se o nosso Zé-povinho soubesse exclamaria,
sorrateiro, e logo fugiria: “Ai gritos que vai
naquela casa”!
Para
deitar ao mundo as listas luminárias dos candidatos, o bloco operatório não
chega para tanta cesariana. E o pior é que parturiente, nascituro, pai da
criança, obstetra e lava-mãos são, para desdita sua,, a mesma e única entidade: o directório, ou mais precisamente, o seu líder.
Considerando
que em Setembro a maternidade é pública --- o voto universal --- e. agora, por
estes dias, a maternidade é privada --- tudo é feito à mão da parteira doméstica --- não será difícil adivinhar que o “serviço” no privado
é muito mais doloroso e hemorrágico que no público. Porque aí está aberto o alvará
das facas longas, dos “direitos” por usucapião, de birras e golpadas infantis, ao
passo que em Setembro/Outubro, a paridura tem um efeito inelutável, sem apelo
nem agravo. É comer e calar o que o Povo lhes der.
Não
esperava deitar cá para fora este
espinhel de humor semi-negro. Mas deixem lá passar. Porque o que exclusivamente me move hoje é um voto
de louvor (condicionado, é certo) aos nomes que os diversos partidos têm vindo
a apresentar às próximas eleições da Assembleia da República. Dirijo este meu
voto, por junto, a todos os nomes que vieram à luz do dia. Vejo
uma nova aragem, uma onda outra e
galvanizadora, quer pelas competências naturais ou adquiridas, quer pelos “curricula”
profissionais e serviços prestados, a que se adiciona um sopro de juventude
(não me refiro apenas à idade biológica) que fazem augurar uma digna e renovada
representação madeirense no Parlamento Nacional. Até que enfim vão voltar aos
seus armários de pinho da terra aquelas velhas esfinges do PSD/M que lá assentaram arraiais para devorar quem lhes
quisesse ocupar a jaula. Sem desprimor, mas devo dizer o que sinto: se fôssemos a
avaliar a Região pelos calos rugosos e pelas cãs dos lá estiveram até agora, eu
diria que o PSD/M , em todos este anos, ofereceu aos continentais os melhores
exemplares de uma Madeira Velha.
Claro
que não faço a apologia gratuita dos jovens na política. São necessários, mas
na medida da sua fogosidade renovadora e no afã, intimamente assumido, em
servir uma Causa. Limpa e exigente. Pois, do que conheço, as ambições imberbes de certos infantis, que
já querem alinhar na Divisão Máxima do campeonato, fazem das Jotas (“vi
claramente visto” nos caloiros da
maioria parlamentar regional) uma lagoa chã
e cheia de lagartixas sedentas de chegar a jacarés. Nem peço desculpa a
esses garimpeiros, muitas vezes desistentes da sua formação académica e profissional.
Sei do que falo.
Uma
palavra aos “cromos”, eminentes cardeais
das cúrias partidárias, ora dispensados, recomendo-lhes olhar para
o retrovisor da carruagem e ler
pausadamente o velho axioma: “Quem a ferro mata a ferro morre”. É o inexorável
movimento, tantas vezes suicida, da rosa dos ventos, são os constantes e
repetidos fluxo e refluxo das marés da
vida política. O que mais conforta é
saber e sentir que aqueles lugares não são herança de família. São oficinas de
trabalho que deixamos gostosamente quando chega o tempo da “reforma”.
Reitero
o conforto que me traz o ver na comunicação os novos candidatos a “servidores”
de causas --- as Causas do Povo, seu constituinte.
E
nunca se esqueçam, (permitam-me repetir sem cansar uma variante perífrase de
Sérgio Godinho): “ O dia em que fordes eleitos será o primeiro dia do resto do
vosso mandato”!
21.Jul.2015
Martins Júnior
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