O título é meramente indicativo. Não
faria sentido, logo com o mês a nascer, vaticinar-lhe o fim. Recupera, porém,
toda o interesse, visto à luz do objectivo que sucintamente passo a expor.
Passado
o verão e com a folhagem de outono a alcatifar de amarelo desmaiado as praças e
jardins, Machico todos os anos faz
erguer da tumba secular aquele que incarna o ADN das gentes
que habitam aquela que foi a primeira capitania da Madeira – Francisco Álvares
de Nóbrega, o grande “Camões Pequeno”. Muitas têm sido as iniciativas que, ao
longo das últimas cinco décadas, têm trazido à luz do dia “a maior alma que
Machico deitou ao mundo” (repito eu, pensando na fala de Telmo, o velho aio
acerca de Luis Vaz de Camões, no “Frei Luis de Sousa” de A. Garrett) o qual
, por injustiça cruel, as garras do obscurantismo político-religioso
sepultaram aos nossos olhos.
Não
é o momento de traçar a vida e a obra de Álvares de Nóbrega. Fá-lo-emos ao
longo dos quatro meses que medeiam entre Agosto e Novembro, data em que Machico
comemorará o 243º aniversário do seu nascimento, datado mais precisamente de 30
de Novembro de 1773.
Por
hoje, quero acompanhar a notícia do Concurso Literário que a Junta de Freguesia de Machico, à semelhança
de anos anteriores, lançou sobre o signo “Francisco Álvares de Nóbrega”. Tema
aliciante, rico de uma densidade
polícroma, como a que caracteriza a personalidade do sonetista, contemporâneo
de Bocage! Tomando por fonte originária a obra do Autor – sonetos, epigramas,
éclogas e sátiras - ficam abertas as largas pistas à imaginação criadora do concorrente, desde que
confinantes com o espírito nobricense. Valerá a pena consultar o Regulamento no
sítio da JFM.
“Estudos
Nobricenses” – assim determinaram os fundadores da “EFAN”,
criada em 2005 e que tem produzido
apreciáveis trabalhos sobre o tema., os quais oportunamente terão pública
visibilidade.
Mas
não basta alcandorar ao Olimpo dos deuses o talento multiforme de Álvares de
Nóbrega. Os sucessos, ele nunca os logrou em vida, nem muito menos os procurou. Pelo contrário,
coube-lhe apenas curtir nas masmorras da Inquisição a vilania dos “zombies” promotores da ignorância e do
fanatismo.
O
que mais almejaria o nosso nobre conterrâneo é que seja conhecida a sua
mensagem. Os tratados académicos que o libertam do pó dos arquivos são, sem dúvida,
um prestimoso contributo histórico. Mais importante, porém, - e único! - é
beber as águas cristalinas e férteis que brotam dos seus escritos. Recriá-los,
entendê-los, projectá-los. Completar aqui e agora os sonhos da Liberdade, Igualdade
e Fraternidade que ele amou e pelos quais entregou os seus trinta e tês anos
vida.
Eis
o que ele nos pede. Não lhe voltaremos as costas, como herdeiros desnaturados
do seu passado. Antes, responderemos à chamada. Na medida dos esforços
possíveis, vale a pena acender em cada
um de nós essa chama participativa que ele fez abrir em Machico – “A Minha
Pátria”, assim proclamou no seu famoso soneto que, em boa hora, a JFM erigiu
como hino da cidade.
Aí fica o meu apoio mais caloroso e
patriótico, dirigido a quem me lê: aceda
ao Regulamento do Certame e inscreva o seu lugar no pódio onde bem merece estar
Francisco André Álvares de Nóbrega. E acaba em Agosto – no dia trinta deste
mês, até às dezassete horas. Está assim justificado o título. Compete a quem
ainda não o fez meter mãos à obra. Que belo programa para umas belíssimas
férias!
03.Ago.16
Martins Júnior
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