Em dia de S. Martinho, as pessoas querem tudo, menos
linguado de escrita. Porque festa é festa! Mas se por aqui hoje é assim, noutras
paragens o cenário é outro: multidões em pânico, outras em raiva incontida, outras
ainda prontas a avançar contra os muros, com risco da própria vida
. Quem viu o
Dia Seguinte à eleição do supermilionário americano, não conseguiu ficar sereno,
impassível, perante o desespero de milhares de gente apinhada em várias cidades, protestando com
veemência contra a opção democrática pelo actual líder. Parece que, de repente,
todo o Povo acordou, enfim, aturdido aos
gritos, como que dizendo: “Mas como foi possível chegar a isto?... Talvez que
entre a multidão houvesse algum abstencionista. A comunicação social informou
que muitos americanos, dando crédito às sondagens, excusaram-se de votar.
Hillary tinha a vitória garantida.
Afinal, foi
um retundo revés. Certamente bateram no peito e disseram-se intimamente: “O que
eu fiz! O que nós fizemos, com a nossa abstenção”! Mas já era tarde demais.
Desolada, envergonhada, caída ficou a Estátua da Liberdade. À espera que um dia
alguém a erga e lhe restitua o brilho da Vitória.
Não só nas
cidades americanas, mas também em Londres, na votação do Brexit. A população demitiu-se do referendo e o SIM ganhou. Estava
desunido o Reino Unido. Movimentações, muitas e ameaçadoras, agitaram a paz
fleugmática dos ingleses e o fantasma da
independência da Escócia voltou a alçar-se
em pleno espaço. Com a fundada, embora frágil, expectativa de que estava
segura a pertença da Inglaterra ao compromisso europeu, ficaram na praça, na
praia, no divã. E agora? Cuidados
redobrados, juras de indignação e protesto. Tarde demais! Resta-lhes a esperança
do poder judicial que manda levar ao Parlamento o resultado do referendo, para
ratificação em plenário.
O Povo é sempre o mesmo em toda a parte. Na Colômbia, as
cúpulas do poder político e das FARC’s selaram a Paz definitiva, pondo termo a 52
anos de atrocidades mútuas. No entanto – surpresa das surpresas – o referendo,
que se esperava positivo, acabou negativo.
Motivo: todos tinham por adquirido o Acordo de Paz, previamente assinado pelas
autoridades. E não foram votar. Perderam. Tarde demais!
Sem mais comentários. Lá e cá maus fados há. Aprenderemos a
lição?... Enquanto isso, faço minhas (e adapto-as) as palavras do grande poeta
Homem de Mello para a voz de Amália, dirigindo-se ao Povo português, também ao
Povo ilhéu, enfim, ao Povo universal:
Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do teu caixão
Não do “meu”, mas do “teu”.
Quantas vezes são as próprias pessoas que talham as tábuas
do seu caixão!...
Construamos berços de sonhos e pontes de esperança. A
sério! E enquanto é tempo!
11.Nov.16
Martins Júnior
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