Já está na rua o decreto
Em vigor antes de promulgado:
Proibido escrever em todo o lado
Do mais solene ao mais secreto
Sobre quem morre a cantar
Não lhe manches o poema
Não perturbes as pausas longas
Nem lhe mudes a canção
Oh a canção hipnótica lunar
Essa
Leva-a contigo aonde tu quiseres
Semeia-a lá onde a terra acaba e o
céu começa
Perfuma o ar que respiras
Deita-a na tua cama
Aconchega-te os lençóis dos seus
versos
E abraça-a, ama-a
Como que ama “Suzanne”
Como quem amou “Marianne”
Acordarás com a canção à tua mesa
Bebe-lhe o sumo
Despe-a inteira
Como quem beija como quem reza
Come-lhe cerejas e tâmaras,
rebentos de oliveira.
Oh a canção hipnótica lunar
Por onde desces ao cavername do
génesis
Por onde sobes ao nirvana
Do intangível Hossana
Do sacrossanto “Halleluiah”
Oh
violino doce de Canção cigana
Segue-a na voz do sonâmbulo vidente
“E dança dança até
ao fim do amor”
Quanto mais frio mais quente
Deixa-a entrar e sair
A canção luminosa
“Pela fenda do pardieiro” onde ela
mora
E canta o “longo tempo de espera”
So long
“Porque chegou a hora de rir e chorar
E chorar e rir sobre tudo à tua
volta”
Com a Canção
Estás “pronto a morrer”
Está pronto a viver
À sombra do chapéu
Do romeiro hebreu
Dorme e sonha e canta e grita
Com o octogenário-criança
Nos braços da terra- mãe
Hydra Westmount Jerusalém
Saudosa inalcançada Terra Prometida
15.Nov.16
Martins Júnior
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