Do muito que ficou por dizer,
depois de pensar, sobre a apoteose de Fátima, termino as minhas anteriores
considerações com esta oração que é só minha, respeitando todas as outras que entendam fazer
Vejo
o mar e vejo as ondas
Lenços
brancos braços nus
Vejo
aí náufragos presos
Aos
barrotes de uma cruz
Mas
não te acho
O
chão ferve e canta
A
terra é grito e o mar um facho
De
sacras labaredas
Mas
a ti não te acho
Fizeram-te
um trono
Aos
ombros de fardas
Com
chicotes espingardas
Dentro
Mas
não estavas lá
Não
quero ver-te Inês
‘A
que depois de morta foi rainha’
Nem
Nefretite faraónica ‘Princesa’
Afogada
de oiro até à bainha
Tecida
de filigrana e de cambraia
Que
não é essa a tua praia
Mas
a rota do Egipto
Onde
pediste abrigo
Judia
refugiada
Não
é esse o teu andor
Já
ninguém te vê andar
Mulher
do Povo Mulher Nossa
Subindo
a montanha
Descendo
à choça
E
dar a mão a quem perdeu os dedos e definha
Aí
é que eu te sinto e amo
E
se algum milagre peço
É
que partas as amarras
Os
pregos com que te ataram
E serena varras
Do
teu terreiro
As eminentes sedas tecidas de ‘lingerie’
Dos
que te cantam agora
Em
solene frenesi
Sobre
o corpo de um Filho
O
Teu que mataram outrora
Não
te vi nem tu estás
Nos
palácios dos Herodes
Nem
nos tronos dos Caifás
Estás
na terra
De
todos e de ninguém
Mulher
do Povo Senhora Mãe
19.Mai.17
Martins Júnior
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