Hoje faço uma pausa na trajectória
histórica dos acontecimentos ocorridos entre 27 de Fevereiro e 18 de Março de
1985, designada Ano“33”. A quem tem
seguido os diversos episódios devo esta palavra de justificação: é que neste
mesmo dia, 15 de Março 2018, faz 75 anos
o ilustre fotojornalista madeirense
Manuel Nicolau, meu conterrâneo e amigo. Associo-me à justa homenagem que lhe
foi prestada no Lar da Terceira Idade da Santa Casa da Misericórdia de Machico.
A saudação que escrevi, exclusivamente para ele, acabei por dizê-la de viva voz
na sala da homenagem. Precisamente pelo pendor intimista e pessoalíssimo com
que foi concebida, obriga-me a ressalvar a particularidade semântica de certos
vocábulos, entre os quais, “baía de Zarco”, “em terras de Tristão”, “guitarradas”, “Rosas Brancas” e “o Sarau”.
Na ponta do teu indicador direito
Assenta o mundo todo
E no fundo mais profundo dos teus olhos
Entrou e ficou
O que o mundo tem de mais belo e perfeito
Nascido nas ondas da baía de Zarco
Da tua objectiva fizeste aquele barco
Onde foste almirante e pescador
De aquém e além-mar
Naufragaste
No planetário aquário dos cetáceos
Alcançaste os promontórios Selvagens
África Oceânea Índicos Atlânticos
Tudo arrastaste na rede azul das tuas
viagens
Tudo o que é humano coube na tua lente
E mais ainda na concha do teu peito
Sorrisos infantis do sol nascente
E faces enrugadas
Mãos retalhadas
Onde a vida já é o poente
Quem desvendar o santuário onde guardas
O tesouro ignoto das tuas mãos
inquietas
Não achará só películas rolos chapas de
vários temas
Descobrirá o Grande Livro de Poemas
Doado às vindouras gerações
Andarilho das canções
Das lutas de Abril
Bandeirante e capitão
Em terras de Tristão
Serenatas e baladas
‘Rosas Brancas’ guitarradas
Contigo connosco
A vida é toda o ‘Sarau’
Ontem hoje e sempre
Grande e nosso Nicolau
15.Mar.18
Martins Júnior
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