Escrevo na corola da noite que amanhã
será
Dia-Mulher
Gosto de vê-la assim
Que outra não há:
Bico que picou a nebulosa
E logo ela se abriu em estuários de luz
Semente de sementes
Estrela de estrelas
Mária-mátrix de todos os mares
Onde estiveres e para onde caminhares
É assim que te vejo
E sempre quero ver-te
Indecifrada de linhas
Escassa de carne ou pulcritude
Nua de peso e altitude
Mas sempre enorme, maior do que
adivinhas
Sejas pluma de ave ou guelra de cetáceo
Sejas a anónima inquilina do gineceu
longínquo
Óvulo de réptil
Ovário de toda a ânima-fêmea
Vejo-te sempre Mundo e o antes dele
Bosão-embrião
Que pões o mundo em chama
E o transportas candente na tua mão
Vénus e a Madalena
Mulher-soldado d’Arc e a Marselhesa
Amazona Malala e Catarina, a Portuguesa,
Todas trazeis
O código da vida
E a balança das leis
Que geram raízes do mundo que se quer
No princípio era o Verbo e a Mulher
No fim o verbo passa
E o Mundo recomeça
Na ternura e na graça
De um corpo de Mulher
07.Mar,18
Martins Júnior
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