Ousaria
dizer que hoje é o Dia Internacional do Homem! De um Homem, protótipo de todos
os outros e do melhor e mais digno que o Ser Humano é capaz de alcançar.
Por isso, em 13 de Março, tudo quanto é
fala, escrita ou sopro de espírito traz-nos a boa nova que alivia os ombros
deprimidos da humanidade: Faz hoje cinco anos que chegou à Europa o “Homem que veio do fim do mundo”! Escusa
repetir os atributos que enchem jornais e telejornais de todo o mundo. Basta-me
assinalar o que tornou Jorge argentino no maior Homem da história actual: Remar
contra a corrente, CONDUZIR EM CONTRA-MÃO!
Ele é bem a prova demonstrativa do enviesado
código de estrada em que o mundo se perde e estrangula. Disse-o claramente o
embaixador da Argentina em Portugal: “Ao revistarmos o último quinquénio,
observamos que, desafortunadamente, a sua actuação esteve em contraciclo com a
disposição da comunidade internacional. Enquanto o concerto das nações se
deixou amarrotar pelos sofismas isolacionistas, no Vaticano, pelas mãos do Sumo
Pontífice, a intervenção internacional recuperou um lugar cimeiro”. E cita diversos
casos: Cuba e Estados Unidos, Colômbia, e, no diálogo inter-religioso, o encontro com
o patriarca de Moscovo, a visita a Al-Azhar, principal instituição teológica do
Islão sunita, Lampedusa, os refugiados, os sem-abrigo, os monges budistas. “Em
contraponto com os que ainda olham para
as alterações climáticas como um capricho científico, ele elevou , na encíclica Laudato Si, o lugar da ecologia na
doutrina social da Igreja.
Nas
duas largas páginas que lhe dedica o jornal Le
Monde, a jornalista Cécile Chambraud recorta uma afirmação revolucionária,
inaudita, sobretudo num chefe da Igreja, quando ele se refere aos que resistem
aos corajosos impulsos da caminhada e preferem instalar-se no imobilismo
parasitário da instituição: “Afrontar (ferir) essa resistência é o sinal de que
estamos no caminho certo. De outro modo, o diabo pouco se importaria com a
nossa oposição”. Nenhum estratega político teria dito melhor. Não chegam as
vagas intenções, os paliativos à beira de uma sociedade moribunda. O
afrontamento é o caminho, desde que ideologicamente bem construído. Por isso
que Francisco insiste que “para uma verdadeira reforma, é preciso acima de tudo
mudar ‘os corações’, isto é, as mentalidades - tarefa tão ambiciosa quanto
difícil de medir.” E aqui temos a essencial revolução cultural, também na esfera
da religião. Aos detractores (escandalosamente, os que se sentam ao seu lado,
cardeais, bispos, monsenhores) ele não os poupa, dizendo: ”As críticas só podem
vir daqueles que querem ficar fechados no seu quarto, com a convicção pueril
que têm a verdade no bolso”.
Muitos outros passos de gigante tem
dado. Compete-nos avaliar os resultados. “Tão difíceis de medir”! – ele já o
disse. Os resultados somos nós, a nossa mentalidade.
A propósito do Ano “33” que estamos a
viver nesta localidade, são muitas as vozes amigas, não residentes, que
interrogam: “Se esse Homem é assim tão bom e se o que vocês fazem está conforme
às ideias dele, porque é que não lhe escrevem a contar a vossa história, que
ele talvez nem saiba”?
Boa
sugestão. Mas… podemos nós imaginar o peso enorme dos problemas, angústias,
preocupações – da Igreja, do clero, de todo o mundo – que esse Homem carrega,
todo o dia e toda a noite?... Que importância terá uma porção de Povo cristão,
sediado na ruralidade da Ribeira Seca, um Povo que vive em paz, na sua fé, na
sua alegria, embora marginalizado pela aliança Igreja/Governo, desde 1974?...
Para nós, o maior conforto é imitá-lo, na sua luta pela mudança de mentalidades
e no abraço com o seu Cristo e com a comunidade.
Por muito que o Papa se esforce, a
Igreja oficial não muda se não forem os cristãos básicos, nós também que formamos
a verdadeira Igreja total. Também outro pensamento nos anima e faz crescer: Se
Francisco Papa fosse um simples pároco de aldeia e ensinasse as mesmas ideias e
as mesmas mensagens, não restem dúvidas que ele já teria sido excluído,
suspenso e excomungado pela Igreja oficial de Roma, como de resto é público e
notório no Vaticano. A este propósito, passo a palavra ao Prof. Dr. Anselmo
Borges: “O Papa Francisco tem 81 anos e já disse que não sai a pontapé“, enfrentando
assim os seus grandes inimigos que tem lá dentro do Vaticano”. Mas também já
disse que quando não puder, resignará”.
Parabéns ao Homem de Deus e do Povo!
13.Mar.18
Martins
Júnior
Sem comentários:
Enviar um comentário