Não
será despropositado, muito menos de um eriçado orgulho circunstancial,
cognominar o nosso país, aqui e agora, como o epicentro cultural da Europa. O “9
de Maio” alongou-se por toda esta semana, mercê dos dois talentosos irmãos – a Luísa e o Salvador – que, desde a longínqua
Kiev, trouxeram para Lisboa o ex-libris sonoro
das muitas bandeiras entrelaçadas no círculo estelar do Velho Continente.
Portugal, nestes dias, respira Europa por todos os poros e é por ele que a
Europa expande e irradia para todo o planeta. O Parlamento Europeu deixou
Bruxelas e os “deputados” já não discutem, cantam. Já não somam parcelas,
desfraldam garbosamente “canções ao vento que passa”.
Na Madeira é notória a paisagem
infanto-juvenil que se passeia diante dos nossos olhos sobre o tapete florido da “Festa da Flor”.
Vejo, por isso, a nossa ilha como um segmento primaveril e a que me apraz chamar de “Europa dos Pequeninos”,
no rasto cada vez mais crescente do Programa “Erasmus”.
É um acontecimento inédito, nunca se o
viu nas nossas fronteiras e duvido que o tornemos a ver. Razão pela qual seria
insipiente e contraproducente deixar passar em claro esta efeméride sem dela
extrairmos as mais elementares e pertinentes ilações. Desde logo, descobrirmos
o nosso lugar na Europa, como somos vistos e contados pelos altos centros de
decisão. Paralelamente, interiorizarmos a convicção de que, neste majestoso
hemiciclo, nem sempre ganha o mais forte. Os gigantes também têm pés de barro.
E só à luz deste prisma se entende como é que um país periférico, escasso e
pobre, que é Portugal, conseguiu
guindar-se ao vértice da glória, com Luísa e Salvador. Lição magnífica
esta do Magno Parlamento da Eurovisão se se transformasse no Único Normativo de
uma verdadeira Constituição Europeia: remover os critérios falaciosos e
egoístas fabricados pelo nacionalismo proteccionista e conferir dignidade e
valor a quem merece. Cabem aqui todos os planos, os PAC’s, a coesão, enfim, os
pilares constituintes da grande arquitectura europeia.
É
demasiado vasto e imperativo o apelo que nos suscita o Festival da Eurovisão em
Portugal, Excede o âmbito deste comentário. Mas que fiquem, ao menos, o tom e o
ritmo maiores deste acontecimento: ultrapassar os cenários feéricos,
deslumbrantes, do Altice-Meo Arena e entrar na liça determinante dos nossos
destinos futuros. Despertarmos para uma outra “EuroVisão”, a das coordenadas
definidoras do continente que habitamos, ao lado dos mais de quinhentos milhões
de europeus, companheiros de estrada e construtores do amanhã.
11.Mai.18
Martins Júnior
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