Qual
é o dia do ano que não seja Dia da Mãe?
E
qual é a hora do dia, o minuto e o segundo que lhe não pertençam?
Todos
os dias e todos os instantes são dela. Como um verbo total, a Mãe conjuga-se em
todos os tempos e modos.
Hoje,
trago-a daquele extenso tempo vivido em Mocímboa da Praia, Moçambique, há mais
de 50 anos, no forçado exílio da guerra colonial. De regresso a casa, a
tristeza da solidão longínqua fez-se prazer intimista, junto dela, ao som
festivo das notas do piano.
Transcrevo,
pois, a canção de outrora, a qual será dita
amanhã, Dia da Mãe, na apresentação da colectânea: “Poemas
Iguais aos Dias Desiguais”.
SAUDADES
DE
MÃE
Nunca te
vi tão perto,
Como
agora,
Neste
deserto,
Onde tudo
é longe e onde a alma chora…
Nunca te
vi tão grande e branca e bela
Como
neste céu,
Onde cada
estrela
É mais
uma saudade que vela!...
É a ti
que eu chamo e canto
Ó minha
mãe…
A ti que
me deste o sol e o pão
Com o
sangue e com o pranto
Que
arrancaste ao coração…
Hoje é o
regresso
Ao berço
antigo
Que a
toda a hora vem comigo…
E sinto
que a tua face
É como o
sol que renasce
Em cada
curva do caminho!
És sempre
linda, és sempre nova,
Ó minha mãe,
Como a
trova
Que a
minha alma sonhou e não soube dizer.
Como
outrora,
És sempre
essa alvorada
Que vai
abrindo, vida fora,
A fundura
abissal da minha estrada!
06.Mai.18
Martins
Júnior
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