Entre
13 e 15 de Agosto, tolhem-me os braços e paralisam-me as mãos. Viva, inquieta,
só a minha cabeça. Vejo-me, só, ardendo num velório sufocante. Chamem-lhe vela
ou círio, promessa ou ex-voto, chamem-lhe
fé ou talismã – tudo fumega em redor da Virgem de Fátima, da Senhora da Guadalupe, do Sameiro, Senhora da Agonia ou Padroeira do Monte.
Não
consigo escrever uma linha que seja, sem que me respondam a esta angústia em
chamas: Quantas toneladas de cera teria aquele carvalho para despenhar-se e
matar 13 fervorosos portadores-pagadores
de promessa na tarde desse dia?... Ai, o fatídico número 13, prenúncio
de tragédias tantas?
Por
outras palavras:
Não
estaria lá (ou estaria, decerto) a Senhora do Monte, mais poderosa e altaneira
que o carvalho centenar, para suster a sua queda e ‘curar’ da mais injusta e
cruel morte repentina aquelas 13 testemunhas da fé?...
Ou:
Se
contra factos não há argumentos nem presunções pias, pergunta-se se a Virgem
Milagreira (“Senhora que faz favores a baixo preço”, como censurou o Papa
Francisco em Fátima) não será Ela uma invenção abusiva da nossa fraqueza, um
desmedido interesse do nosso egoísmo?...
Seja
qual a resposta, ficam os nossos olhos presos ao chão com 13 vidas inocentes,
chacinadas sem dó nem piedade! O enorme e velho carvalho estará sempre de pé no
velório do nosso psiquismo, não como grito exclamativo, mas como eterno,
insuperável ponto de interrogação, a grande incógnita que me tolhe os braços e paralisa
as mãos entre 13 e 15 de Agosto.
Contra
factos não há presunções nem argumentos.
13.Ago.18
Martins Júnior
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