segunda-feira, 13 de agosto de 2018

PARALISADO ENTRE 13 E 15 DE AGOSTO!


                                            

Entre 13 e 15 de Agosto, tolhem-me os braços e paralisam-me as mãos. Viva, inquieta, só a minha cabeça. Vejo-me, só, ardendo num velório sufocante. Chamem-lhe vela ou círio, promessa ou ex-voto, chamem-lhe  fé ou talismã – tudo fumega em redor da Virgem de Fátima, da Senhora da Guadalupe, do Sameiro, Senhora da Agonia ou Padroeira do Monte.
Não consigo escrever uma linha que seja, sem que me respondam a esta angústia em chamas: Quantas toneladas de cera teria aquele carvalho para despenhar-se e matar 13 fervorosos portadores-pagadores  de promessa na tarde desse dia?... Ai, o fatídico número 13, prenúncio de tragédias tantas?
Por outras palavras:
Não estaria lá (ou estaria, decerto) a Senhora do Monte, mais poderosa e altaneira que o carvalho centenar, para suster a sua queda e ‘curar’ da mais injusta e cruel morte repentina aquelas 13 testemunhas da fé?...
Ou:
Se contra factos não há argumentos nem presunções pias, pergunta-se se a Virgem Milagreira (“Senhora que faz favores a baixo preço”, como censurou o Papa Francisco em Fátima) não será Ela uma invenção abusiva da nossa fraqueza, um desmedido interesse do nosso egoísmo?...
Seja qual a resposta, ficam os nossos olhos presos ao chão com 13 vidas inocentes, chacinadas sem dó nem piedade! O enorme e velho carvalho estará sempre de pé no velório do nosso psiquismo, não como grito exclamativo, mas como eterno, insuperável ponto de interrogação, a grande incógnita que me tolhe os braços e paralisa as mãos entre 13 e 15 de Agosto.
Contra factos não há presunções nem argumentos.

13.Ago.18
Martins Júnior

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