sexta-feira, 3 de agosto de 2018

UM ESPANTO!... O VATICANO CONDENA A PENA DE MORTE!


                                                   

Todo o mundo se alvoroçou. “Nunca um Papa foi tão longe”… “O Papa Francisco mudou o Catecismo”… E tudo isto porquê?  Por uma grande nova: A Igreja, por decreto do Soberano Pontífice,  acaba de condenar a pena de morte, com a emenda do nº 2267 do Catecismo.  
Um espanto!... Porque a notícia, sendo grande, não é nova. Basta pensar neste pequeno país que é Portugal. Pois foi este escasso rectângulo, então com menos de oitocentos anos de história, o primeiro país europeu a abolir a pena de morte – mais precisamente em 1 de Julho de 1867. E logo no dia seguinte, das bandas de França, o ilustre romancista Victor Hugo endereçou ao Diário de Notícias de Lisboa a seguinte mensagem;
Está abolida a pena de morte nesse nobre Portugal, pequeno povo que tem uma grande história, Penhora-me a recordação da honra que me cabe nessa vitória ilustre. Felicito a vossa Nação”.
Estranham-se, pois, os estrondosos panegíricos em volta do Vaticano, com mais de 20 séculos de história e só agora ‘descobrir’  aquilo que outros países laicos já consagraram na sua Lei Fundamental. Com menos pompa e circunstância, mas com mais empenho e profundidade comemorou Portugal os 150 anos da Carta d’El Rei D. Luis, numa organização da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, à  qual tive a honra de assistir
Serve a presente nota para constatarmos a morosidade sistémica (para não dizer tacanha e masoquista) da Igreja em acertar o passo com a História. O imobilismo e a anestesia crítica têm sido o ‘catecismo’ de gerações e gerações.  E quando surge alguém a colocar o óbvio na mesa do quotidiano, agitam-se as cabeças e rumorejam as folhas de jornal: Grande Nova! É o que se conclui da argumentação produzida pelo Vaticano: “Deduziu-se uma nova compreensão do sentido das sanções penais por parte do Estado”. Tanto tempo para os “embaixadores do Evangelho” descobrirem  aquilo que qualquer estudante de Direito aprende nas sebentas do 1º ano de faculdade, isto é, a “função ressocializadora da pena”!
O espanto - o quase sobressalto ideológico do planeta - que a notícia provocou só demonstra o marasmo a que nos habituou a constituição dogmática de uma Igreja anquilosada  e “bem-aventurada”, de tal forma que puxar a língua para a verdade chega a parecer heresia. Daí, o valor deste Papa corajoso. Resta-nos esperar que ele não fraqueje, mas continue com a mesma coerência em fazer regressar a Igreja à matriz original do seu Fundador. Para tanto, falta uma condição “sine qua non”, a qual não creio ter força para realizar enquanto vivo: renunciar ao absurdo e anti-crístico privilégio de Chefe de Estado do Vaticano e, só então, voltar a usar as sandálias de Pedro, o Pescador.

03.Ago.18
Martins Júnior


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