Para
decifrar o enigma enunciado em 19.01.19 – “De entre todas as guerras, qual a que nunca terá fim?” – proponho alguns
tópicos coadjuvantes da pretendida solução:
1 – “Não haverá nunca paz entre as nações
enquanto não houver paz entre as religiões”. O veredicto tem a assinatura do
famoso teólogo alemão Hans Kung, na “Declaração de uma Ética Mundial” que mereceu a aprovação do Parlamento Mundial
das Religiões, realizado em Chicago, no ano de 1993.
2- Falar de “paz entre as religiões”
pressupõe implicitamente o impossível paradoxo de que a religião é fonte de
combate ou, no limite, pode tornar-se a mãe de muitas e de todas as guerras.
3
- Não, a religião, enquanto emanação da psique humana, “ânsia de subir, cobiça
de transpor” (Goethe) nunca arrastará na sua génese o vírus da desagregação nem
o verme da destruição. Escreve o abalizado filósofo e teólogo Prof. Anselmo
Borges: “Se Jesus e também Maomé aparecem inseridos no tempo-eixo da história,
é por causa da sua continuidade com os grandes profetas de Israel, desse
período, tal como Confúcio e Lao-tsé na China, Buda na Índia, Zaratustra na
Pérsia, os pré-socráticos, Sócrates, Platão e os trágicos na Grécia” (Religião e Diálogo Inter-Religioso,
Coimbra, 2011).
4
– E se no Homem universal e intemporal desaguam todos os rios e todos os
afluentes do Transcendente inato – “O Homem é um animal naturalmente religioso”
(Pascal) – então forçoso é concluir que todo o enigma reside no dilema Religião-Religiões.
Serão sinónimas as duas concepções? Ou serão paralelas? Ou concorrentes? Quem
sabe se entre Religião e Religiões interpor-se-á uma congénita antinomia, uma
insanável contradição?
5
– No fim da picada, urge perguntar se se deve falar de guerra da Religião ou
guerras das Religiões. E, daí, interpelar Hans Kung sobre o seu veredicto de
1993.
Eis
o percurso deste Oitavário da Unidade, entre 18 e 25 de Janeiro, tempo oportuno
de construirmos, todos os que se dizem cristãos, a plataforma unitária destruída
em 1054 no Oriente e em 1520 no Ocidente.
Este
é também um tempo de descoberta!
21.Jan.19
Martins Júnior
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