“Que
beleza, que beleza – exclamava Jacinto, montado na sua égua ruça”. O Jacinto
fizera a travessia entre o “202”, Champs Elysées de Paris e a aldeia de Tormes,
no Portugal profundo. Eça de Queirós, em Cidade
e as Serras, revela em Jacinto a
beleza translúcida, multiforme da ruralidade e da sua fecundidade difusa pelo
cenário serrano daquela paisagem nortenha.
Que
beleza e que delicioso espanto sinto eu ao atravessar a ponte entre dois pilares, o último de Janeiro e o
primeiro de Fevereiro! Pelas mesmas razões que levaram Jacinto a surpreender-se
com a simplicidade bucólica de Tormes e a múltipla florescência da paisagem. Neste
caso, a simplicidade está num magro feixe de folhas impressas, a que foi dado o
nome de LEGADO. E a transbordante
fecundidade está no talento criador que outras mãos fizeram florir. Com efeito,
quem partilhou na tarde de 30 de Janeiro e viveu a amplitude dos conhecimentos,
emoções e incontidos apelos nessa hora de introspecção reprodutiva
não resistiu ao mesmo sentimento do Jacinto de Tormes: “Que beleza”!
E
nesta constatação vai o meu mais emotivo agradecimento àqueles que de uma gota
de água fizeram emergir repuxos luminosos,
flores deslumbrantes, portadoras de novas mensagens e vigorosas incursões que
ultrapassaram e, nisso, valorizaram o modesto opúsculo apresentado. Ao
ouvi-los, outro pensamento não me ocorreu senão o do Magno Doutor, Filósofo,
Teólogo, Tomás de Aquino quando teorizou a vocação genética do mais pequeno
gesto nosso: Bonum est diffusivum sui, ou
seja, todo o bem é fértil em si mesmo, naturalmente reproduz-se, espalha-se,
difunde-se e dinamiza-se…desde que haja mãos e afectos que o tomem ao peito. Foi
o que aconteceu. E mais uma vez agradeço aos seus autores e criadores.
Ao
Padre José Luís Rodrigues, pensador, pedagogo e pregador da verdadeira
espiritualidade evangélica, promotora dos valores holísticos que elevam e
salvam o Ser Humano. O seu discurso abarcou a condição existencial que ora se
vive, sublinhando a influência do Papa Francisco neste conturbado mundo do
século XXI.. A reflectir!
Ao
Dr. Bernardo Martins, professor, político, historiador e analista acurado da
paisagem contemporânea, sob os mais diversos contornos, mundial, nacional,
regional e local. Corajoso e marcante foi o pré-aviso aos líderes oficiais e,
sobretudo, ao povo para que saibam dispensar os medíocres e só escolher os
competentes, capazes e íntegros, neste ano de decisivas opções públicas. Um
discurso histórico!
À
Professora Doutora Teresa Nascimento,
docente universitária, eminente no saber e tangente no ensinar, de tão atenta
e próxima, não só dos formandos, mas de
todos quantos escutaram a sua lectio, a
douta lição que deu em Machico. Pela minha parte, recorto e guardo a notícia-surpresa
que nos deu, a de ter descoberto (investigado, suado, Uff!) as mil páginas que
já escrevi no meu blog “Senso&Consenso”. Graças, pela sua abnegada
generosidade!
À Drª Paula Franco, professora e dedicada mestra
em literatura que, além das exigentes lides escolares, deu mais uma prova da sua
ilimitada entrega à causa da Cultura e da Educação, seleccionando entre os
muitos textos do “Senso&Consenso” aqueles 80 “sumários” que respigou,
transcreveu e ‘baptizou’ com o inspirador e profético nome de Legado. No mesmo preito de gratidão
envolvo o Mário Ramos, ilustrador de mérito já consagrado, e ao CCCS-RS,
entidade responsável pela publicação.
Ao
Presidente Ricardo Franco e à Vereadora da Cultura Mónica Vieira, companheiros
meus de longa data na demanda dos bens sócio-culturais dos nossos conterrâneos,
agradeço terem franqueado o Salão Nobre do Município para esta iniciativa, na
sequência de idênticos eventos de outros
autores já realizados no mesmo recinto.
Finalmente
aos jovens e adolescentes da “Tuna de Câmara de Machico –TCM” , com sede na
Ribeira Seca, a minha solidariedade e amizade de sempre!
Deixo
aqui sentidamente expressa a mensagem transmitida de viva voz aos partilhantes
do convívio de 30 de Janeiro:
Com ou sem letras, com
ou sem publicidade, com ou sem espectáculo, a nossa vida é um LEGADO, construído
dia-a-dia, palavra-a-palavra, gesto-a-gesto, passo-a-passo! O maior LEGADO que
deixarmos aos futuros legatários não é o que temos, mas o que somos!
31Jan.01Fev-19
Martins Júnior
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