quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

O “LEGADO” SOMOS NÓS!


                                                       

“Que beleza, que beleza – exclamava Jacinto, montado na sua égua ruça”. O Jacinto fizera a travessia entre o “202”, Champs Elysées de Paris e a aldeia de Tormes, no Portugal profundo. Eça de Queirós, em Cidade e as Serras,  revela em Jacinto a beleza translúcida, multiforme da ruralidade e da sua fecundidade difusa pelo cenário serrano daquela paisagem nortenha.
Que beleza e que delicioso espanto sinto eu ao atravessar a ponte  entre dois pilares, o último de Janeiro e o primeiro de Fevereiro! Pelas mesmas razões que levaram Jacinto a surpreender-se com a simplicidade bucólica de Tormes e a múltipla florescência da paisagem. Neste caso, a simplicidade está num magro feixe de folhas impressas, a que foi dado o nome de LEGADO. E a transbordante fecundidade está no talento criador que outras mãos fizeram florir. Com efeito, quem partilhou na tarde de 30 de Janeiro e viveu a amplitude dos conhecimentos, emoções  e incontidos  apelos nessa hora de introspecção reprodutiva não resistiu ao mesmo sentimento do Jacinto de Tormes: “Que beleza”!
E nesta constatação vai o meu mais emotivo agradecimento àqueles que de uma gota de água  fizeram emergir repuxos luminosos, flores deslumbrantes, portadoras de novas mensagens e vigorosas incursões que ultrapassaram e, nisso, valorizaram o modesto opúsculo apresentado. Ao ouvi-los, outro pensamento não me ocorreu senão o do Magno Doutor, Filósofo, Teólogo, Tomás de Aquino quando teorizou a vocação genética do mais pequeno gesto nosso: Bonum est diffusivum sui, ou seja, todo o bem é fértil em si mesmo, naturalmente reproduz-se, espalha-se, difunde-se e dinamiza-se…desde que haja mãos e afectos que o tomem ao peito. Foi o que aconteceu. E mais uma vez agradeço aos seus autores e criadores.
                                                     
        
Ao Padre José Luís Rodrigues, pensador, pedagogo e pregador da verdadeira espiritualidade evangélica, promotora dos valores holísticos que elevam e salvam o Ser Humano. O seu discurso abarcou a condição existencial que ora se vive, sublinhando a influência do Papa Francisco neste conturbado mundo do século XXI.. A reflectir!
Ao Dr. Bernardo Martins, professor, político, historiador e analista acurado da paisagem contemporânea, sob os mais diversos contornos, mundial, nacional, regional e local. Corajoso e marcante foi o pré-aviso aos líderes oficiais e, sobretudo, ao povo para que saibam dispensar os medíocres e só escolher os competentes, capazes e íntegros, neste ano de decisivas opções públicas. Um discurso histórico!
À Professora Doutora Teresa  Nascimento, docente universitária, eminente no saber e tangente no ensinar, de tão atenta e  próxima, não só dos formandos, mas de todos quantos escutaram a sua lectio, a douta lição que deu em Machico. Pela minha parte, recorto e guardo a notícia-surpresa que nos deu, a de ter descoberto (investigado, suado, Uff!) as mil páginas que já escrevi no meu blog “Senso&Consenso”. Graças, pela sua abnegada generosidade!
 À Drª Paula Franco, professora e dedicada mestra em literatura que, além das exigentes lides escolares, deu mais uma prova da sua ilimitada entrega à causa da Cultura e da Educação, seleccionando entre os muitos textos do “Senso&Consenso” aqueles 80 “sumários” que respigou, transcreveu e ‘baptizou’ com o inspirador e profético nome de Legado. No mesmo preito de gratidão envolvo o Mário Ramos, ilustrador de mérito já consagrado, e ao CCCS-RS, entidade responsável pela  publicação.
Ao Presidente Ricardo Franco e à Vereadora da Cultura Mónica Vieira, companheiros meus de longa data na demanda dos bens sócio-culturais dos nossos conterrâneos, agradeço terem franqueado o Salão Nobre do Município para esta iniciativa, na sequência de idênticos eventos  de outros autores já realizados no mesmo recinto.
Finalmente aos jovens e adolescentes da “Tuna de Câmara de Machico –TCM” , com sede na Ribeira Seca, a minha solidariedade e amizade de sempre!
Deixo aqui sentidamente expressa a mensagem transmitida de viva voz aos partilhantes do convívio de 30 de Janeiro:
Com ou sem letras, com ou sem publicidade, com ou sem espectáculo, a nossa vida é um LEGADO, construído dia-a-dia, palavra-a-palavra, gesto-a-gesto, passo-a-passo! O maior LEGADO que deixarmos aos futuros legatários não é o que temos, mas o que somos!

31Jan.01Fev-19
Martins Júnior  
          

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