terça-feira, 1 de janeiro de 2019

EU SOU O ÚNICO A NÃO OLHAR O CÉU – UM VOTO DE ANO NOVO!


                                                       
     
Serei o único… Ou talvez não.  Na meia-noite e a meio da ponte dela, enquanto milhões de milhões atiravam as pupilas para milhões de milhões de estrelas cadentes a pingar, trémulas, estonteantes,  de um céu de chumbo, outros houve que olhavam o chão onde assentava o  corpo e por onde caminhariam os seus pés para mais uma maratona de 365 dias. Eu estava e estou com estes, olhando a terra, dissipando nuvens, visualizando os sinais de trânsito da nova estrada.
Divertido será olhar o céu dos fogos fátuos, coloridos, mas muito mais saudável será olhar a terra, radiografá-la e radiografar-me, reconhecer-me. Do fundo da velha Grécia, ergueu a voz o Mestre da Filosofia Universal, proclamando ao Homem de ontem, de hoje e de sempre: “Conhece-te a ti mesmo”! – o vértice e a raiz de toda a ciência humana.
E por ser tão árdua a tarefa e tão escasso o auditório, viu-se obrigado Alexis Carrel, Prémio Nobel da Medicina, a denunciar a situação, escrevendo, em 1937, o famoso livro “O Homem, Esse Desconhecido”.
Fique quem o pretenda com o brilho efémero das lantejoulas celestes em dia de Ano Novo – que eu vou tentando “ver o invisível” dentro de mim e dentro do húmus que gera os indivíduos e as sociedades. Escuto o eco daquela manhã de 1419, a que chamam da Descoberta e sinto-lhe o apelo materno que atravessa seis séculos de existência: “Há seiscentos anos, alguém me descobriu. Agora, falta redescobrir-me. Ainda sou A Ilha, Essa Desconhecida. Faz tu, agora, a Re-Descoberta. Junta-te àqueles que, em seu tempo, ao longo deste percurso centenar, souberam encontrar no meu seio – e ergueram como troféu – as virtualidades, os talentos, a genuína grandeza do  Universo que sou. E fá-los crescer, em teu redor, os humanos perenes valores que em mim habitam”.
Enquanto estalavam balonas e balões no céu da noite primeira do Ano Novo, olhei a terra, escutei e guardei o apelo da Ilha-Mãe e farei dele o meu quotidiano  guião dos “600 anos”!

01.Jan.19
Martins Júnior    


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