Serei
o único… Ou talvez não. Na meia-noite e
a meio da ponte dela, enquanto milhões de milhões atiravam as pupilas para
milhões de milhões de estrelas cadentes a pingar, trémulas, estonteantes, de um céu de chumbo, outros houve que olhavam
o chão onde assentava o corpo e por onde
caminhariam os seus pés para mais uma maratona de 365 dias. Eu estava e estou
com estes, olhando a terra, dissipando nuvens, visualizando os sinais de
trânsito da nova estrada.
Divertido
será olhar o céu dos fogos fátuos, coloridos, mas muito mais saudável será
olhar a terra, radiografá-la e radiografar-me, reconhecer-me. Do fundo da velha
Grécia, ergueu a voz o Mestre da Filosofia Universal, proclamando ao Homem de
ontem, de hoje e de sempre: “Conhece-te a ti mesmo”! – o vértice e a raiz de
toda a ciência humana.
E
por ser tão árdua a tarefa e tão escasso o auditório, viu-se obrigado Alexis
Carrel, Prémio Nobel da Medicina, a denunciar a situação, escrevendo, em 1937,
o famoso livro “O Homem, Esse Desconhecido”.
Fique
quem o pretenda com o brilho efémero das lantejoulas celestes em dia de Ano Novo
– que eu vou tentando “ver o invisível” dentro de mim e dentro do húmus que
gera os indivíduos e as sociedades. Escuto o eco daquela manhã de 1419, a que
chamam da Descoberta e sinto-lhe o apelo materno que atravessa seis séculos de
existência: “Há seiscentos anos, alguém me descobriu. Agora, falta redescobrir-me.
Ainda sou A Ilha, Essa Desconhecida. Faz tu, agora, a Re-Descoberta. Junta-te
àqueles que, em seu tempo, ao longo deste percurso centenar, souberam encontrar
no meu seio – e ergueram como troféu – as virtualidades, os talentos, a genuína
grandeza do Universo que sou. E fá-los crescer,
em teu redor, os humanos perenes valores que em mim habitam”.
Enquanto
estalavam balonas e balões no céu da noite primeira do Ano Novo, olhei a terra,
escutei e guardei o apelo da Ilha-Mãe e farei dele o meu quotidiano guião dos “600 anos”!
01.Jan.19
Martins Júnior
Sem comentários:
Enviar um comentário