É
de guerra o pão de cada dia à nossa nessa.
Ao
que chegámos, após vinte séculos de civilização cristã e ocidental, após as
astronómicas viagens planetárias e os pulos gigantes da super-tecnologia !!!...
Já nos queimam os capilares e já nos
sobressaltam o sono os mísseis de todas as noites russo-ucranianas. Por isso é
de outra guerra que vou ocupar este pacato espaço de comunicação. E muito ao de
leve, pois a matéria daria para profundas e longas reflexões.
Cognominei-os de ‘belicólogos’ - talvez
um neologismo de circunstância – para significar uma determinada falange de
artilheiros, cujas operações se resumem a ficar sentados na caserna, enquanto
os pelotões andam no mato a combater. Os artilheiros-de-caserna ocupam~se
seriamente a fazer a reportagem barata dos acontecimentos, a classificar os
operacionais e os respectivos camuflados de guerra.
E
se, por atávica sedimentação psicológica que trazem no subconsciente, vem ao de
cima a apreciação deste ou daquele pelotão, aí as críticas sobem de estalo e confundem
os termos e os conceitos, resultando tudo numa cega-rega de tiros de pólvora
seca sem direcção ao alvo.
É
o caso que me traz hoje aqui. Tenho-me deparado com alguns analistas de bancada
que, movidos por uma velha mó anti-comunista, abanam-se, espalham-se,
despedaçam~se a vociferar contra o comunismo, “vejam em que é que dá o
comunismo, assassinos é o que eles são”.
Ora,
nunca saiu tão fora do alvo esta artilharia pesada. O actual regime russo e uma
larga margem dos seus antecessores nada têm a ver com a essência do pensamento
comunista. Putin representa a suprema traição aos ideais de justiça igualitária
e justa distribuição da riqueza de um país, a começar pelos que a produzem, os
trabalhadores dos diversos escalões profissionais. Putin está do avesso deste
código de conduta, um sanguinário czar
russo, disfarçado de militante soviético. ´Na sua corte têm assento directo
e exclusivo os capitalistas dos off-shores,
os oligarcas açambarcadores da riqueza que a todo o povo pertence. As
sanções agora infligidas pelas instâncias internacionais são disso prova
irrefragável. Quando se referirem a Putin, além do mais, chamem pelo seu sobrenome
próprio: fascista, capitalista-mór, ditador amassado com o híbrido fermento
Hitler-Estaline.
Da
mesma forma, parem de tratar o povo russo como sósia de Putin. Só quem não
sofreu sob a ditadura salazarista é que pode urdir semelhanças dessa pele e
desse furor. Os russos não estão com o
tirano Putin. Só os oligarcas super-milionários.
Idêntica
praxis se regista quando os anti-cristãos primários cerram fileiras contra o
imperialismo Vaticano, apostrofando anátemas e fogueiras corrosivas contra o
cristianismo. Desenganem-se. O Vaticano não é, nunca poderá ser o ex-libris do cristianismo. Afirmá-lo é o
mesmo que confundir Jesus com Putin e Belém com o Capitólio. Nunca Jesus
escolheria a cúpula vaticana para nascer nem nunca esse palácio imperial seria a sua casa. Bem
se esforça o actual Papa Francisco por regressar às origens, mas os oligarcas
cardinalícios, a corte vermelha das Cúrias, não lho deixam. Foi por isso que
Mahatma Gandhi exprimiu a contradição nestes termos: “Adoro Cristo, mas detesto
os cristãos”. Basta abrir o LIVRO e fazer o paralelo entre o seu legado pobre e
cristão e, ao lado, o empório do Vaticano,
Poderia,
ainda, citar Maomé: “Levar alegria nem que seja a um só coração vale mais que
construir mil templos e mil altares”. E que fazem os corifeus do Islão? A
guerra, à qual têm ainda o desplante de chamar “santa”!
Dispenso-me
também de comentar certos estilos de Autonomia cá dentro de portas. Quem sabe
se não haverá por aí algum Putin(ho)
que, à pala da Autonomia, pretenda ou tenha pretendido instaurar uma
ditadura “de botas cardadas”?!
Ao
concluir este intervalo nos tumultos da Europa de leste, entro outra vez no
pesadelo nocturno daquela gente heroica da Ucrânia. Até quando?...
“EU
SOU UCRÂNIA, I AM UCRÂNIA, JE SUIS UCRÂNIA” !!!
03.Mar.22
Martins Júnior
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