Chegaram aos inóspitos fundos marinhos
E abalaram magmas viscerais do planeta
Susteve o sol talvez o seu curso diurno
Terão ultrapassado Marte e Saturno
Mas não subiram ao Olimpo de Júpiter-Sibério
Nem as colunas salomónicas do Vaticano
Comoveram sequer as cortinas da sala do
Império
Onde férreo e gélido assenta o novo imperador
Enquanto
os sinos dobram e os coros inundam as estrelas
Apodrecem os trigais da Ucrânia
Sob as bombardas que semeiam a cizânia
Cruel e assassina
Podem os sinos dobrar a mais doce ária
divina
Que jamais calarão a fúria das granadas
E os gritos que estalam sob os
escombros
Onde param os deuses dos humanos?
O dos russos saberão
Mas onde o dos ucranianos?
O gélido férreo imperador
Brinda o seu deus com juras de fé e amor
E tem-no preso à mão direita
Na ponta do fuzil e no porão do nuclear
Por isso é vão o vosso dobrar
Sinos da aldeia carrilhões potentes
Só acordais deuses inexistentes
Mas tocai sempre, cantai
Até que mudem o bronze e o badalo
E ao czar-imperador senhorio de um deus
vassalo
Soltem-lhe a alma mas amarrem-lhe os
braços
E não se oiça mais um ai sob os estilhaços.
25.Mar.22
Martins Júnior
Dura realidade! Poema fantástico!!!
ResponderEliminarNão há sinos que possam dobrar por tiranias nem por egos afogados no desprezo pelo seu semelhante. Dobram sim, por todos aqueles que perdem a vida na defesa das suas famílias e do seu País. Excelente poema. Parabéns ao autor.
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