terça-feira, 29 de março de 2022

TODO O HOMEM É UMA ILHA E TODO O MUNDO É ‘SÃO JORGE’

                                                                          


É em São Jorge, onde 1.200 habitantes de Velas fugiram para a Calheta. É em Portugal, onde se gastam 6,3 milhões de euros, por mês, em medicamentos e suplementos para dormir. Nem é preciso rever os milhões de ucranianos que abandonam as suas cidades e aldeias. Thomas More definiu que “Homem Algum é uma Ilha”. Pois nesta hora, num mundo tendencialmente neurótico, Somos Todos Ilha de São Jorge. O mundo dorme em sobressalto!  

 

 

Redonda ou quadrada transparente ou opaca

Tragam-me uma pedra

Almofada enxerga ou maca

 Mas que segure

A ilha do fogo clandestino e bravo

Que transporto sob a derme de todas as noites e de todos os instantes

 

Mas quem ma traz é quem ma pede

Esta e aquele, aqueles e aquelas

Submersa rede

Maior que o mar de Velas

Vagando cambaleando no dorso do planeta

Turbilhão encadeado que não acha

O berço-amparo de uma ‘Calheta’

 

Tragam-me o rochedo onde sepulte

A fúria dos mísseis de Mariupol e Odessa

E possa enfim pousar a cabeça

De todas as ilhas-ventre de vulcão

 

Fugir, quem pode e para que cavernas,

Se já ninguém tem bastão

E já não aguentam calos e pernas

De tanto fugir sem solução

 

Mordido invadido sacudido

Desde o verde doce até às entranhas

Por mais pesado de ouro o seu alforge

O mundo todo cabe

Na Ilha de São Jorge

 

Nem a lança gigante

Do patrono lendário

Algemará triunfante

As garras do ‘rublo’ dragão imaginário

 

Até quando?...

 

29.Mar.22

Martins Júnior

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