É em São Jorge, onde 1.200 habitantes
de Velas fugiram para a Calheta. É em Portugal, onde se gastam 6,3 milhões de
euros, por mês, em medicamentos e suplementos para dormir. Nem é preciso rever
os milhões de ucranianos que abandonam as suas cidades e aldeias. Thomas More
definiu que “Homem Algum é uma Ilha”. Pois nesta hora, num mundo
tendencialmente neurótico, Somos Todos Ilha de São Jorge. O mundo dorme em
sobressalto!
Redonda ou quadrada transparente ou
opaca
Tragam-me uma pedra
Almofada enxerga ou maca
Mas
que segure
A ilha do fogo clandestino e bravo
Que transporto sob a derme de todas as noites
e de todos os instantes
Mas quem ma traz é quem ma pede
Esta e aquele, aqueles e aquelas
Submersa rede
Maior que o mar de Velas
Vagando cambaleando no dorso do planeta
Turbilhão encadeado que não acha
O berço-amparo de uma ‘Calheta’
Tragam-me o rochedo onde sepulte
A fúria dos mísseis de Mariupol e
Odessa
E possa enfim pousar a cabeça
De todas as ilhas-ventre de vulcão
Fugir, quem pode e para que cavernas,
Se já ninguém tem bastão
E já não aguentam calos e pernas
De tanto fugir sem solução
Mordido invadido sacudido
Desde o verde doce até às entranhas
Por mais pesado de ouro o seu alforge
O mundo todo cabe
Na Ilha de São Jorge
Nem a lança gigante
Do patrono lendário
Algemará triunfante
As garras do ‘rublo’ dragão imaginário
Até quando?...
29.Mar.22
Martins Júnior
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