sábado, 5 de março de 2022

AS TRÊS GUERRAS DA HISTÓRIA HUMANA

                                                                            


Luta fria… luta quente… luta financeira… luta ideológica… lutas de todos os nomes, de todas as armas, de todos os tons e de todas as cores!

            É neste estranho peritoneu que se move e agita o coração, os pulmões, enfim, o organismo deste nosso mundo, o planeta em que nós vivemos. Com que olhos e com que espécie de lentes observar-nos-ão os possíveis (e impossíveis) selenitas, marcianos, saturnianos, habitantes de outras constelações?!

            Luta é a palavra de ordem desta marcha que fazemos desde que nascemos até chegar a hora do descanso dos heróis – e somo-lo tantas vezes na vida. A nível biológico, do crescimento, a nível laboral e intelectual, somos todos mobilizados para essa campanha. Até mesmo no estádio religioso e da ascese, viver é lutar.

            Cumprindo o rumo de cada fim-de-semana, recorro ao LIVRO e deparo-me com um tríptico bem definido sobre a origem das guerras.  Neste teatro de guerra (insisto, de todas as guerras) o Nazareno, o Libertador dos povos, foi o alvo preferencial de todos os ataques. Foi Ele também quem nos deixou o melhor antídoto e o escudo indestrutível de todos os mísseis e incursões por terra, mar e ar.

            Para melhor facilidade de análise, remeto o conteúdo desta reflexão para o texto de “Lucas, 4, 1-13”, proposto para este Domingo. São as chamadas “Tentações do Deserto”.  Numa síntese perfeita, reduzem-se todas a três:

            Primeira, a guerra pelo pão (Podes transformar estas pedras em pão), não o pão necessário, mas o pão perdulário, a gula, a ganância do dinheiro,  a concupiscência,  a opulência do estômago daqueles “para quem deus é a barriga”, como classificou Paulo de Tarso.

            A segunda é o orgulho desmedido, a ambição da fama publicitária, o açambarcar toda a comunicação e redes sociais, o inchar “da rã que pretendia ser boi”: Atira-te deste pináculo abaixo, os anjos estão lá ao fundo para receber-te nos braços. Serás o maior!

            A terceira, o domínio territorial,  a  invasão,  a anexação, a posse total e absoluta, enfim, o poder absoluto: Vês o universo inteiro  à tua frente? Pois eu dou-te tudo isso, se te renderes a mim, aqui e agora.

            Olhando o tríptico bélico retro-descrito, é caso para perguntar: Não estarão aí compendiadas as fontes de todas as guerras? Percorrendo os campos de guerra de toda a história humana, do maior ao mais pequeno,  chegamos à dura conclusão que é neste monstro “trifácico” que convergem as raízes de todos os conflitos. O de agora, que opõe Putin ao povo ucraniano, aí está.

            O nosso Líder e Mestre Jesus de Nazaré venceu o tríplice duelo. Sem armas. Pelo pensamento e pela palavra. Embora esteja de pé o conhecido manual de um general do império romano, onde se lê – “Se queres a Paz, prepara-te para a guerra” -  mantenho que o pensamento e a palavra, as armas da luta ideológica, são muito mais eficazes e duradoras que todas as metralhas de guerra.

            É esta luta o cenário de guerra que nos oferece o Tempo designado por Quaresma, precisamente o que hoje se inicia. Primeiro, no interior, pessoal e responsável  e, depois, no exterior, sociológico e libertador.

            Por ele é que vamos!...   

            05.Mar.22

            Martins Júnior

1 comentário:

  1. Guerras próximas, guerras distantes! Perto de casa são terríveis... (Ucrânia)..... As distantes não nos tiram o sono! (guerras de África, as fomes, as doenças, a injustiça social..... a aversão aos venezuelanos que retornam à sua terra (filhos e netos de madeirenses) hostilizados só porque falam mal o português.... (casos concretos!) Eram muito bem-vindos quando faziam festas de arromba.... Estava lendo o sermão de António Vieira (Quaresma) em que diz que Jesus se ajoelhou perante o demônio (Judas, na cerimônia do Lava-Pés) para ver se conseguia salvar a sua alma.... e não conseguiu por conta do seu pecado de orgulho..... Interessante que uma cerimônia religiosa parece ter o condão de nos reconciliar com Deus mas não nos preocupamos em fazer a nossa parte!)

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