sábado, 23 de julho de 2022

A FESTA BIOLÓGICA HABITADA POR DEUS E PELO POVO !

                                                                             


 

De Festa foi toda a semana que agora chega ao fim, mesmo no turbilhão dissonante do planeta que nos comprime. Porque somos aquilo que somos mais a circunstância que nos é dada. É assim que Ortega y Gasset   fazia o relatório dos lugares, desde os altos himalaias das urbes aos inóspitos tugúrios da Amazónia.

         A nós, coube-nos o ‘jogo da glória’ e nele uma festa – para nós, a Festa – que reúne terra, água, pão e vinho, a chamada Festa do Senhor. Direi que é uma Festa Biológica, pois que o Nazareno assim optou naquela Quinta-Feira, véspera da sua morte.

             Cedo-me, curvo-me e assimilo-me no corpo e no espírito que este povo deu ao seu dia histórico-tradicional da sua Festa. Quem aqui passar, naturalmente concluirá que esta não é uma festa de plástico nem de cheques passados em branco. É a entronização do verde em todo o perímetro do acto. Cada passo, cada pegada, cada centímetro do que ali está tem a marca, o dedo, a mão, numa palavra, o corpo e o talento criativo da população local.

         Por isso é que, hoje e amanhã, haja o que houver, Festa é Festa!

         Recorro ao LIVRO  (Marcos 2, 18 e sgs.) numa época em que os puristas da tradição judaica interpelaram o Mestre porque os Doze não observavam o jejum e os sacrifícios impostos pela ortodoxia do Templo. Era uma questão de lesa-sacralidade, cominada com penas severas. Mas o Mestre não perdeu tempo com eloquentes teses teológicas, tão gosto dos fariseus opositores: carregou no acelerador festivo e respondeu-lhes com nova provocação: “Então achais bem que, numa festa de casamento, os convidados se auto-flagelem com jejuns e sacrifícios na presença dos noivos?”. Ninguém contestou. E mais: Ele, o “noivo” da alegoria provocatória, ainda jovem, põe em confronto a natural antinomia juventude-festa e velhice-decrepitude, através das metáforas remendo novo em tecido velho ou vinho novo em barris velhos, estragados. É desconcertante, sublime, o Galileu sem Fronteiras. Há até exegetas de renome que definem a vida pública de Jesus como uma sucessão de festas, banquetes com fariseus, refeições com os publicanos, convívios com os pecadores e pescadores. Era aí que Ele transmitia o melhor das suas mensagens.

        

Depende de nós que a vida seja uma Festa Verde ou uma mísera tragédia.

Por isso, acreditamos que o Deus cósmico perpassa e diverte-se na Sua e nossa Festa Biológica. Viva !!!

 

23.Jul.22

Martins Júnior

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