quinta-feira, 21 de julho de 2022

DOPAMINA NA FESTA: SAÚDE, FORÇA, VITALIDADE!

                                                                   


Festa é Festa – poderia titular assim e alongar a anterior comunicação que fiz aos meus amigos através desta tribuna ubíqua dos dias ímpares. E é o que faço, hoje mesmo, na esteira de um ensaio publicado na revista Psychologies, sob a epígrafe “Un noveau sens da la Fête”  e onde se define a Festa  como uma “pulsão social da relação, uma pulsação da vida”.

Analisando o fenómeno festivo, Emmanuel Lallement interpreta-o na linha de uma “necessidade social” que cumpre uma função central, durante longo  tempo levada muito a sério pelo sector religioso. E lança o pré-aviso: “Não há, hoje em dia,  razão nenhuma para deixar de tomá-la a sério, a Festa, ”porque em encruzilhadas de incerteza, de pandemia continuada, de desastres ecológicos e de futuras guerras,  ela consegue reatar as suas origens sagradas de experiência existencial e de catarse – seja num desfile de carnaval, numa rave party, ou de qualquer outro ajuntamento, onde corpos desconhecidos, invadidos pela música,  transfiguram-se como se fossem um só  e único ser”.

Por outro lado, Marie Charlotte Dapoigny dá conta de estudos americanos que provam o carácter vital do ajuntamento humano para os animais sociais que nós somos. Confirma também que o isolamento afecta não só a nossa mente, mas também a nossa saúde: o agravamento da  tensão, o aumento da taxa de cortisol, diminuição de um sono reparador. Há uma exigência animal, arcaica (i.é, ancestral) de unir, aproximar, de tocar e ser tocado para termos a sensação de existir”.

A propósito do factor ‘Música’, associada à Festa, Pierre Lemarquis  acentua as suas virtudes terapêuticas, entre as quais  a secreção da dopamina, responsável pelo movimento, o élan vital e a alegria de viver.

Em louvor das Festas, sejam elas folclóricas, desportivas, académicas, religiosas – o mesmo não direi dos exibicionismos político-partidários – importa viver e reter o pensamento de Marie-Claude Treglia:

“Tempo de suspensão sagrada onde, como em todo as expressões meditativas, cada qual aproveita para fazer uma provisão de novas forças, de alegria e de vitalidade”.

Oxalá fossem assim todas as festas!

Assim será a “Nossa” - a Festa do Senhor, na Ribeira Seca, sábado e domingo próximos, com o Povo, alma-corpo-comunidade, em estreita união de crenças, danças e cantares originais, enchendo o vale de Machico.

Festa é Festa|

21.Jul.22

Martins Júnior

 (Na gravura, Sérgio Godinho no palco de Ribeira Seca, em 1982)

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