sábado, 7 de janeiro de 2023

ENTRE O NATAL CATÓLICO E O NATAL ORTODOXO (UCRANIANO) – A SUPERABUNDÂNCIA DAS REPRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS

                                                                        


    Tal qual ao ritmo das estações e dos dias delas, assim a dança dos Natais: acabam uns, começam outros. Ontem mesmo, Dia de Reis, fecharam-se os cantares celebrativos da Natividade, conforme à  tradição que a  iniciou em 25 de Dezembro para substituir a festa pagã do “Sol Invicto ou Sol Invencível”. Ao invés, no mesmo dia em que termina o Natal Católico, começa o Natal Ortodoxo, dos russos, ucranianos e povos circunvizinhos.

 Aliás, segundo Desmond Morris, (in Mistérios do Natal, Publicações ‘Europa-América’) é extensa a banda larga comemorativa do sucedido em Belém da Judeia: “Alguns escritores mais antigos preferiam 16 e 20 de Maio, outros escolheram 9,19 ou 20 de Abril, outros inclinavam-se para 6 de Janeiro ou 18 de Janeiro. Por outro lado,,29 de Março e 29 de Setembro também eram adversários de respeito”. (pag.14-15).

            Sem prejuízo dos fundamentos que assistem aos diversos autores, ocorre-nos dar razão ao refrão que a todos nos toca: “Natal é quando o homem quiser”. É por isso que as tentativas de reprodução plástica do Natal são tantas quantas os ‘artistas’ quiserem, desde as clássicas e maneiristas às da livre inspiração popular, talhadas pelo primeiro presépio, o do Poverello de Assis, em 1224. É de uma pitoresca versatilidade o interminável cardápio de presépios e ‘lapinhas’, uns marcados pela sobriedade de motivos da Gruta de Belém (menos a vaca e o burrinho, segundo afirmou o recém-falecido Papa Emérito, Bento XVI) e outros mais ecléticos, divertidos como uma feira de quinquilharias ou polidos como um improvisado museu de miniaturas arquitectónicas sediadas na aldeia, na freguesia ou na cidade.

Curvo-me com respeito diante de todos os exemplares, fruto da criatividade e do labor dos construtores de presépios.

            Serve esta, talvez longa, introdução de pano de cena para mostrar, com objectivo de memória futura, o historial da cenografia comemorativa do Natal/2022 no palco aberto da Ribeira Seca, onde - na esteira dos anos anteriores – se pretende assimilar o autêntico espírito de Natal e plasmá-lo em consonância com a vida quotidiana e a história, com maior incidência no mundo de hoje e na idiossincrasia do lugar.

            Assim, ficaram sintetizados no palco os seiscentos anos dos Natais vividos ao longo dos séculos pelas diversos habitantes e etnias, desde a era do povoamento até aos nossos dias, focalizando os tempos fortes do passado das populações da Ribeira Seca, as vivências, as vitórias e insucessos, a escravatura e a conquista da liberdade.

            Tudo isto que se há-de contar no próximo blog está subordinado ao pensamento telúrico irmanado com o nascimento de Jesus de Nazaré:

                           “COMO SE ELE NASCESSE AQUI” !

 

            07.Jan.23

            Martins Júnior   

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