Tal
qual ao ritmo das estações e dos dias delas, assim a dança dos Natais: acabam
uns, começam outros. Ontem mesmo, Dia de Reis, fecharam-se os cantares
celebrativos da Natividade, conforme à
tradição que a iniciou em 25 de
Dezembro para substituir a festa pagã do “Sol Invicto ou Sol Invencível”. Ao
invés, no mesmo dia em que termina o Natal Católico, começa o Natal Ortodoxo,
dos russos, ucranianos e povos circunvizinhos.
Aliás, segundo Desmond Morris, (in Mistérios do Natal, Publicações
‘Europa-América’) é extensa a banda larga comemorativa do sucedido em Belém da
Judeia: “Alguns escritores mais antigos preferiam 16 e 20 de Maio, outros
escolheram 9,19 ou 20 de Abril, outros inclinavam-se para 6 de Janeiro ou 18 de
Janeiro. Por outro lado,,29 de Março e 29 de Setembro também eram adversários
de respeito”. (pag.14-15).
Sem
prejuízo dos fundamentos que assistem aos diversos autores, ocorre-nos dar
razão ao refrão que a todos nos toca: “Natal é quando o homem quiser”. É por
isso que as tentativas de reprodução plástica do Natal são tantas quantas os
‘artistas’ quiserem, desde as clássicas e maneiristas às da livre inspiração
popular, talhadas pelo primeiro presépio, o do Poverello de Assis, em 1224. É de uma pitoresca versatilidade o
interminável cardápio de presépios e ‘lapinhas’, uns marcados pela sobriedade
de motivos da Gruta de Belém (menos a vaca e o burrinho, segundo afirmou o
recém-falecido Papa Emérito, Bento XVI) e outros mais ecléticos, divertidos
como uma feira de quinquilharias ou polidos como um improvisado museu de
miniaturas arquitectónicas sediadas na aldeia, na freguesia ou na cidade.
Curvo-me com respeito diante de todos
os exemplares, fruto da criatividade e do labor dos construtores de presépios.
Serve
esta, talvez longa, introdução de pano de cena para mostrar, com objectivo de
memória futura, o historial da cenografia comemorativa do Natal/2022 no palco
aberto da Ribeira Seca, onde - na esteira dos anos anteriores – se pretende
assimilar o autêntico espírito de Natal e plasmá-lo em consonância com a vida
quotidiana e a história, com maior incidência no mundo de hoje e na
idiossincrasia do lugar.
Assim,
ficaram sintetizados no palco os seiscentos anos dos Natais vividos ao longo
dos séculos pelas diversos habitantes e etnias, desde a era do povoamento até
aos nossos dias, focalizando os tempos fortes do passado das populações da
Ribeira Seca, as vivências, as vitórias e insucessos, a escravatura e a
conquista da liberdade.
Tudo
isto que se há-de contar no próximo blog está
subordinado ao pensamento telúrico irmanado com o nascimento de Jesus de
Nazaré:
“COMO SE ELE NASCESSE AQUI” !
07.Jan.23
Martins Júnior
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